Olho a tabela dos próximos jogos dos dois mais fortes concorrentes ao título brasileiro – Corinthians e Vasco -, e embatuco: qual o favorito para sair dessa rodada com uma mão na taça (no caso do Timão, até com as duas, dependendo dos resultados)?Pela tradição, claro, a tarefa mais difícil cabe ao Vasco, que enfrenta o rival Fluminense embalado pela possibilidade de disputar a faixa até o apito final do campeonato. Um Fluminense que tem Deco na plenitude de sua inteligência futebolística e Fred, em estado de graça.
Mas, o Vasco não está lá em cima à toa. Tem Felipe, em fase esplêndida, tem Juninho Pernambucano, Diego Souza e cia. bela. Só não deverá ter Eder Luís, o aríete pela direita, machucado. E isso dá o que pensar.
Já o líder Timão, que prima pelo equilíbrio de seus três setores básicos, vai à Floripa enfrentar a fera ferida – o Figueira, que está às portas de um feito histórico para o clube, o de ingressar na Copa Libertadores, depois de prodigiosa ascensão da Série B até aqui.
O Timão conta com um empate, ao menos, para manter-se na ponta, ao lado do Vasco, em caso de vitória cruz-maltina. Isso coloca Tite na encruzilhada: vou pra cima e tento a vitória que pode até ser a do título; ou seguro as pontas aqui para, no mínimo, garantir o empate que me mantém à tona da tabela?
Por mim, meteria os peitos. Mas, Tite é quem sabe onde o calo lhe aperta.
SEIS PRA DOIS
No rigor dos números, há meia dúzia de times em condições ainda de papar duas vagas na Libertadores, nesses dois passos que nos separam do fim do campeonato: Inter, Figueira, Flamengo, São Paulo, Botafogo e Coritiba.
Cada um desses carrega uma percentagem na lei das probabilidades projetada pelos matemáticos de plantão. Mas, no fim das contas, são apenas números, símbolos colhidos sobre fatos passados, não futuros. Pois, o que vem por aí é o insondável, meu amigo. Sobretudo, num campeonato tão imprevisível como este, em que as aparências enganam a cada rodada.
Diante disso, prefiro analisar as possibilidades de cada um sob o ponto de vista técnico. Quem tem mais bala na cartucheira?
Inter, São Paulo e Flamengo têm os melhores elencos, dentre estes seis candidatos.
O Inter passou o tempo todo dormitando ali nas cercanias da sétima colocação, até a arrancada atual que o colocou como primeiro na bica da classificação para a Copa Libertadores, onde já estão Vasco, Corinthians e Fluminense, o melhor time do segundo turno.
Tem um meio-campo ao mesmo tempo combativo e criativo, com seus Guiñazus e D’Alessandros, e um ataque temível, onde o talento do menino Oscar se conjuga com o oportunismo do goleador Leandro Damião.
O Flamengo, com Ronaldinho e Thiago Neves, é, porém, mais estrelado, e passou boa parte do campeonato brigando e até frequentando a liderança, mesmo empatando mais do que vencendo.
Mas, de repente, nas últimas rodadas, murchou. Seu ataque, que era o mais positivo do campeonato, estiou e o Mengo desabou na tabela. Ronaldinho caiu num marasmo impressionante, sem sombra daquele craque em recuperação que mereceu ser chamado de novo para a Seleção. E até Thiago Neves, que vinha livrando a cara, perdeu o punch e o brilho.
Inexplicável tal queda, pois esse é um dos raros times que vem armado desde o início da temporada por um técnico de nomeada, Luxemburgo, estrategista por excelência. Isto é: aquele que sabe como dosar seu time no curso de um campeonato longo como este.
A não ser que o Fla consiga se remotivar num estalo, aquele que era pra estar brigando pelo título sequer chegará à Copa Libertadores.
Já o São Paulo, que iniciou o torneio por cima, depois ficou por ali entre o primeiro e o terceiro, declinou a um ponto em que parecia estar fora até mesmo da disputa pela vaga no certame continental.
Mas, conseguiu erguer a cabeça na última rodada, quando jogou bem e ganhou com categoria do América mineiro. Contudo, o técnico Leão já avisou que aquela formação ofensiva utilizada no sábado não será repetida nos clássicos que lhe restam pela frente. Assim, o que dá pra rir dá pra chorar, e o Tricolor cai na vala comum.
Quanto ao Figueira, de tão entusiasmante investida neste segundo turno, vai ser preciso saber como a derrota, por goleada, para o Flu, em casa, abalou o moral da tropa catarina. É verdade que a derrota se deu com o Figueirense muito desfalcado, mas, mesmo assim, como já repeti à exaustão, neste instante crítico de tantas decisões, o emocional muitas vezes conta mais do que as questões técnicas ou táticas.
Uma coisa é tomar uma biaba dessas quando suas expectativas são baixas – a volta por cima torna-se menos dolorosa. Outra coisa é quando você começa a sonhar até com a possibilidade de título e tomar uma trombada dessas.
Restam, pois Botafogo, que chutou o balde nas últimas rodadas, inclusive demitindo seu treinador na reta final do campeonato, e o Coritiba, que voltou a crescer.
O Bota pega o Galo, tentando garantir sua permanência na Série A, e, depois o Fluminense, talvez ainda disputando o título. Pedreira dobrada para quem não anda sobre pernas seguras.
E o Coxa, que é bamba em casa, recebe o Avaí já rebaixado, antes de enfrentar o Furacão, também no desespero, na Arena da Baixada, clássico de resultado sempre imprevisível.
Palpite? Chute. Desconfio – apenas desconfio -, com todas as ressalvas, que dá Mengão… sei lá, meu, escolha por mim, please.
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