quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poderes e responsabilidades!



Quem acertou na mosca foi Ben, o tio de Peter Parker. Sabe, Peter Parker, aquele fotógrafo? Bom, pouco antes de expirar, Tio Ben olhou para seu sobrinho Pete e disse:

- Não se esqueça, Peter. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades.

Peter Parker, nas horas vagas conhecido como Homem-Aranha, levou a lição consigo por toda sua vida de herói de quadrinhos e telinhas e telonas. Pois é, tio Ben estava certo, mais que certo. E é essa a lição que nossos heróis modernos teimam em não entender ou aprender.

Vivemos a era da celebridade veloz – um tempo em que evidência vale dinheiro. Mais que isso, uma era em que a vida alheia se tornou um objeto de consumo. A narrativa da vida real substitui a ficção – seja numa jaula de BBB ou nas revistas de sorriso & botox que infestam as bancas de jornal. Fulana casou! Beltrana abriu seu apartamento! Sicrana emitiu um flato e moveu a sobrancelha!

No início deste ano, a Newsweek publicou um excelente artigo sobre o tema – que discutia até o valor artístico da narrativa real – com todos seus dribles e temperos. Mas isso é tema para outro debate. O que se discute aqui é a fronteira entre publicidade e privacidade. Nunca se viu um jogador de futebol ou sub-celebridade afim abrir seu apartamento e coração ou casamento e reclamar, correto? Mas quando o caldo entorna – ah, invasão, crime, ninguém pode sair na rua!

Vivemos também a era da conspiração full-time. A profusão de fóruns e blogs na internet alimenta e retro-alimenta nosso Fox Mulder interior. Em todo assunto debatido – seja ele Nardoni, Dourado, Dilma, dedo médio do Ronaldo ou Serra, existe aquele algo estranho aí. Tudo tem motivo oculto. Toda notícia publicada tem uma agenda. Se publicou, é por esse interesse. Se não publicou, ah, alguém segurou lá em cima. Como se houvesse sempre uma razão inconfessável – uma articulação nos bastidores – seja para convocar um Ronaldinho Gaúcho neymarizado… ou para destruir essa ou aquela reputação. Ao que parece, todo mundo desconfia mesmo que vivemos num cruzamento de Arquivo-X com Fringe – e que todos somos marionetes.

Talvez porque a era da notícia veloz favoreça o açodamento e desafie o jornalismo sério. Apurar, checar, confirmar informação não é tarefa simples. Requer trabalho e tempo. Por vezes, a notícia que prometia uma manchete sensacional se transforma em poeira depois de apurada e checada. E, na imprensa correta, poeira não é publicada . Por isso, a preguiça, quando falamos de jornalismo, é inimiga da seriedade. E parceira número um dos achocratas – os burocratas do achismo – que adoram um ouvi falar e um teria sido.

A tragédia que tem como pivô o goleiro Bruno traz uma lição. No início do ano, quando reportagens em diversos veículos no Rio de Janeiro, apontaram a vida desregrada que levavam alguns jogadores do Flamengo, a reação geral foi desconfiar da imprensa. Jogadores e torcedores (e até alguns colegas) criticaram um suposto jornalismo-de-perseguição. Sob essa ótica, não haveria nada de anormal na relação de Wagner Love e Adriano com traficantes. Nada demais nas festas com sexo exótico e bebida. No filme 8 milímetros, Nicholas Cage é um detetive que mergulha no submundo para investigar o assassinato de uma atriz pornô. Numa das cenas, ele se olha no espelho e ouve sua voz, em off, dizendo:

- Se você dança com o demônio, o demônio não muda. Mas você muda.

Hoje, vale lembrar que muitos torcedores chegaram a dizer querem derrubar o Flamengo e sandices outras. Existe uma fronteira que separa o interesse público do privado, claro. Mas, quando o sujeito escolhe uma vida pública, essa fronteira é difícil de precisar. O caso de Adriano foi o mais criticado. Não interessaria, a priori, ao público esportivo, saber se havia anões besuntados e asnos na festa de ninguém. As preferências sexuais e zoológicas (ou zoológico-sexuais) de cada um… pertencem à esfera privada – embora possam indicar uma vida desregrada. Mas… dizer que que não é esportivamente relevante, por exemplo, saber que Adriano tinha uma serpentina de chope em casa… bom, zagallemos aqui – essa é difícil de engolir.

Vale a pena recapitular. Foi a imprensa que disse que Adriano tinha problema com bebida? Não. Foi ele mesmo – em carne imperial e osso. E depois a sua noiva, Joanna (quando ele bebe, não sabe o que faz). E depois o então vice de futebol de seu clube, Marcos Braz. Logo, se alguém que deixou de treinar 11 vezes – e ficou fora de jogos importantes por problema público e notório, alguém que quando começa a beber não consegue parar… tem uma serpentina de chope em casa… e isso não é relevante… é melhor voltarmos ao tempo dos focas amestrados – ou do jornalismo assessor de imprensa.

Ah, Williams brigou no bar, e daí? É, Cabañas também brigou no bar e – engraçado – você viu algum torcedor reclamar dessa notícia? Caro torcedor rubro-negro, qual foi sua reação quando Ronaldo teve seu entrevero com travestis? Ou quando sumiu na noite em Presidente Prudente? Conspiração também? Mas a teoria conspiratória não é o pior dos males. Ela é apenas ingênua. Pior é a teoria sub-sociológica – que enxergava nas reportagens sobre Adriano, Love e Bruno uma perseguição ao negro e pobre que volta às origens. Onde estava essa teoria quando o branco e rico Júlio Cesar apareceu no grampo com um traficante? Ou quando Edinho (preto e rico), filho de Pelé, foi preso?

Adriano cresceu na favela – e é mais que louvável sua relação com a Vila Cruzeiro. É um exemplo bacana – por dois lados. Primeiro, porque sublinha que dinheiro e luxo não compram a proverbial felicidade. Segundo, porque defende o próprio conceito de favela – e de favelado – vitima de tanto preconceito. O Imperador de chinelo e bermuda, sem camisa, soltando pipa, fazendo churrasco na laje… é uma imagem que diz muito para milhares de pessoas. Se parasse por aí, não haveria um senão. O problema é que não parou por aí.

Adriano foi criado com meninos que viraram bandidos. Isso é natural na cidade partida de São Sebastião. Ninguém precisa de telescópio para observar nossa tragédia social. Uma favela dominada pelo tráfico é uma fábrica de ilusões. Na favela, o traficante é sinônimo de sucesso; a arma é um símbolo de poder. E infância abreviada é a norma.

Façamos um breve corte para uma cena recente na favela da Rocinha. No início de março deste ano, a policia civil do Rio fez uma operação surpresa para capturar (ou matar) o chefe do tráfico no local, conhecido apenas como Nem. Houve tiroteio. Três helicópteros sobrevoaram a favela – atirando. Imagine por um instante uma criança nessa favela. Ela está acostumada com a vida regida pelo tráfico de drogas. Existem armas, um código de conduta particular – mas há relativa tranqüilidade. O que a policia traz quando invade essa favela? Tiroteio, barulho, desordem. Uma óbvia sensação de terror. Para essa criança, a polícia é um símbolo do mal. E o traficante representa o poder que ela conhece – com todos seus códigos particulares.

Claro, essa equação perversa só será desfeita quando as favelas voltarem a fazer parte da cidade oficial – quando houver polícia, saúde e educação dentro das comunidades. Enquanto isso não acontece, voltemos ao tio do Homem-Aranha. O jogador de futebol que deixou a pobreza é o cara que realmente deu certo – que através de um talento legal conseguiu sucesso, dinheiro e status. O poder dessa imagem é muito grande. Ben Parker puro: grandes poderes, grandes responsabilidades. Ah, mas eles não querem ser exemplos – dizem uns. Podem não querer – mas são. Simples assim: podem não querer – mas são.


Quando um jogador de futebol se relaciona com bandidos… ele está chancelando, na mente de cada criança (favelada ou não), o tráfico como uma coisa cool. Está dizendo esse cara aqui é maneiro, assinando embaixo de uma pretensa rebeldia contra o sistema. Dizendoeu venci, esses caras aqui também… eles também derrotaram esse sistema vil que nos condena – nós, favelados; nós, meninos pobres – à pobreza e à falta de oportunidade.

Cada menino da favela vive, desde pequeno, esse mundo duplo – a atração do tráfico, do tênis maneiro, do dinheiro fácil… contra o mundo despossuído, da educação ruim, do trabalho escasso, das oportunidades poucas. Qual o significado na mente dessas crianças dessa imagem? O símbolo do sucesso lá fora ao lado do símbolo do poder aqui dentro?

Nossos tristemente jovens traficantes – filhos da nossa fábrica social de bandidos – deixaram há algum tempo de ser apenas vítimas do sistema. Eles, infeliz regra geral, aprenderam cedo as regras da barbárie. Podemos lamentar a sina de cada senhor das moscas carioca – e entender que nada disso acontece por acaso. Mas ninguém obriga ninguém a ser bandido. É sempre uma escolha. É essa fronteira que nossos heróis modernos precisam entender. A cada passo pro lado de lá – o crime agradece, uma mãe na favela tem mais chance de ver seu menino escolher o rumo do status súbito, da grana rápida, do fascínio pelas armas.

Vagner Love é o maior doador do Natal sem Fome da Rocinha – e isso é elogiável. Mas alguém acha que ele foi ao Baile Funk para visitar suas raízes? Logo ele, que nasceu em Bangu? Ele tem todo direito de se divertir na favela – mas ele sabe, muito bem, que nenhuma celebridade vai a local assim sem conhecimento do chamado movimento. Ele sabia o que estava fazendo. Esse vínculo é o pior recado que um ídolo pode passar. A proximidade com o crime é sempre perigosa. É a frase de Nicholas Cage – o demônio não muda – mas você muda. O lastimável caso Bruno é algo completamente fora da curva – tem pouco a ver com futebol e muito com a ilusão da celebridade – dos poderes que o status de herói moderno traz – o hábito de viver longe das regras – seja acima ou abaixo delas.

No gibi número um do Homem-Aranha, acontece uma tragédia. O jovem Peter Parker, feliz com seus novos poderes, resolve ganhar dinheiro num festival de lutas. No caminho, vê um assalto, mas resolve não perseguir o ladrão, pensandoisso não é problema meu. O mesmo bandido a seguir, assalta e atira em seu tio. Peter chega a tempo de ver o velho Ben Parker agonizando. E ouve, culpado, suas últimas palavras. Grandes poderes, grandes responsabilidades, Peter. Neste momento, no mundo maravilhoso da Marvel, o Homem-Aranha começa sua luta contra o crime.

Cada ídolo ou símbolo escolhe seu caminho. Você pode ser Pelé ou Maradona. Pode ser Michael Jackson ou Madonna. De alguma forma, você tocará milhares de pessoas – e de alguma forma elas serão influenciadas por suas mínimas atitudes – queira você ou não. Você pode não gostar disso, pode não querer isso, pode dizer é minha vida, eu faço o que quiser. Pode. É um direito. Quantos meninos estão olhando para suas camisas autografadas por Bruno, hoje, com horror?

Alguns escolhem a demagogia. Outros a hipocrisia. E há aqueles rebeldes quase sempre genuínos – como Romário. Todos são, afinal, humanos – erguidos por uma habilidade específica a um movediço panteão. Adriano e Vagner Love não são vilões modernos, pelo amor de todos os impérios (Bruno talvez seja, infelizmente). São ídolos imperfeitos – como Peter Parker, que deu de ombros. Dar de ombros tem preço, amigos. É essa lição que nossos heróis modernos precisam aprender.


O que você acha do pai que fuma diante do filho?

Ou se droga diante do filho?

Pois é.


* Deixe seu comentário!

terça-feira, 6 de julho de 2010

O novo técnico da seleção vai mandar? Será?

Eu estou que nem vocês: esperando ansiosamente para saber quem será o novo técnico da seleção e principalmente se a escolha vai demonstrar uma evolução, um aprendizado em relação à última Copa e o último técnico a ocupar o cargo.
Os candidatos são:


Luís Felipe Scolari – que é o favorito por ter sido campeão do mundo em 2002;
.
.
.
.
.
.
.







Mano Menezes – que nunca dirigiu uma seleção, mas é credenciado por seu trabalho no Corinthians;
.
.
.
.
.
.
.







Vanderlei Luxemburgo – competente e o maior vencedor entre os candidatos, mas combatido por muitos;
.
.
.
.
.
.







Muricy Ramalho – que nunca dirigiu a seleção mas tem no corruiculum a conquista de 3 campeonatos brasileiros,
.
.
.
.
.






Ricardo Gomes – que tem a escola europeia nas veias e a adaptou ao futebol brasileiro;
.
.
.
.
.
.




Leonardo – ex-jogador de qualidade que foi formado no Milan.
.
.
.
.
.
.
.





Os dois últimos estão dentro dos quesitos que agradam ao presidente da CBF.
O presidente da CBF que segundo o noticiário, está mais interessado em substituir Joseph Blatter na presidência da FIFA em 2014, já disse que quer uma renovação total na seleção que vai disputar a Copa do Mundo no Brasil. Assim como exigiu o afastamento dos segundo ele, baderneiros e dos velhos na Copa da África, que está acabando.
Será que os candidatos vão se prestar ao papel que Dunga desempenhou no fracasso da Copa da África do Sul?
Não sei!
Acho que nem Dunga esperava que o presidente da CBF se metesse tanto na escolha dos jogadores e forçasse o afastamento de outros.
Assim creio que vai demorar mais do que esperamos arranjar um novo técnico!

Carrasco do Brasil na Copa chama Dunga e Maradona de 'idiotas'

"Treinador da Holanda "Bert van Marwijk"
Principal responsável pela eliminação do Brasil da Copa do Mundo 2010, o meia holandês Sneijder é só elogios ao treinador da Laranja, Bert van Marwijk, pela atitude à frente da equipe. Mas demonstrou não gostar nem um pouco do estilo de Dunga no comando da seleção brasileira. O autor dos dois gols da Holanda no duelo contra o Brasil chamou o agora ex-treinador da equipe de "idiota" pelo comportamento à beira do campo durante a partida da última sexta-feira. E não disparou críticas só ao brasileiro. Diego Maradona também virou seu alvo.

- É agradável ter alguém no comando que transmite tranquilidade e não pânico. Mesmo com a desvantagem diante do Brasil, ele (Van Marwijk) se manteve calmo. Eu prefiro um treinador como Van Marwijk ao lado do campo a idiotas como Maradona e Dunga - disse Sneijder em entrevista à revista holandesa "Helden".

Durante a Copa, Dunga mostrou irritação em vários momentos à beira do campo. Na partida contra a Costa do Marfim, xingou o atacante Drogba e o árbitro francês Stephane Lannoy, que expulsou Kaká. Contra a Holanda, o treinador também mostrou grande nervosismo, chegando a socar o banco de reservas ainda no primeiro tempo, quando o Brasil vencia o jogo por 1 a 0.

Flamengo - Sem Maldonado, Willians e Michael, treinador observará Diego Maurício no ataque e dará chance a Correa. David participará do jogo-treino.


Após o treino tático comandado nesta terça-feira, em Itu, "Rogério Lourenço" confirmou que irá manter o time que foi observado contra o Ituano, na manhã de quarta-feira. O treinador explicou que quer dar a "Diego Maurício" a mesma chance que Paulo Sérgio teve. De resto, ele confirmou que as entradas de "David" e Correa entre os titulares serão mantidas.

O volante, que ainda não teve sua situação regularizada e por enquanto não pode atuar em julho pelo Flamengo, vai entrar no lugar de Willians, que está praticamente vetado do jogo-treino por conta do inchaço no olho direito. Rogério explicou que os médicos preferem poupá-lo, apesar de não se tratar de um problema grave. Já David ganha a vaga de Welinton, que só vinha atuando por causa da situação contratual do companheiro. Mas a diretoria rubro-negra já praticamente acertou tudo com o Panathinaikos e ele deve assinar por mais quatro anos. Com isso, será aproveitado contra o Ituano.

- O Correa não deve atuar o tempo todo do jogo-treino por estar há um tempo parado. E o David volta à equipe normalmente. Aos poucos vamos nos aproximando da formação que pode vir a começar contra o Botafogo, dia 14. Mas ainda temos a reapresentação do Fierro e do Kleberson, na quinta-feira. Ainda não estou pensando neles. Primeiro, tenho de focar nos que estão aqui e teremos mais oportunidade para fazer isso amanhã (quarta-feira) – explicou Rogério Lourenço.

Além de Willians, o técnico também confirmou que não poderá aproveitar Maldonado, que está fazendo um recondicionamento muscular, e Michael, que recupera-se de uma lesão na coxa esquerda. Os dois jogadores só devem ser observados no Rio de Janeiro, quando já estarão treinando com todo o grupo.

Com isso, o time que enfrentará o Ituano será formado com "Marcelo Lomba, Leonardo Moura, David, Ronaldo Angelim e Juan; Antônio, Correa, Camacho e Petkovic; Diego Maurício e Paulo Sérgio".