sábado, 28 de abril de 2012

Técnicos - Oswaldo de Oliveira e Cristovão Borges - Afeitos ao papo ao pé do ouvido, técnicos defendem postura mais contida.

Encaixados no grupo dos treinadores que costumam poupar as cordas vocais e que raramente causam atrito à sua volta, Oswaldo de Oliveira, 61 anos, e Cristóvão Borges, 52, à distância, são bem parecidos em seu modo de trabalhar, na própria personalidade e na origem de suas trajetórias. No entanto, basta um olhar mais apurado para identificar que, à medida que detalham a mudança das características ao longo das respectivas carreiras, os finalistas da Taça Rio trilharam caminhos inversos.

Ao revisitar suas memórias, o comandante do Botafogo assume que o perfil light nem sempre fez parte de seu dia a dia. Após a saída de Vanderlei Luxemburgo, em 1999, deixou de ser auxiliar, assumiu o Corinthians e se viu diante de um turbilhão de cobranças às quais não estava acostumado. E vez por outra agia com a emoção, se deixando levar com facilidade. Somente com a experiência adquirida é que se acalmou e passou a ser apontado como um sereno inabalável.

A questão da ansiedade é o ponto principal para mim. Comecei numa situação especial, num timaço, com assédio grande. Aquilo mexeu comigo, foi tudo emocionante demais. Eu tinha mais de vinte anos de futebol, mas como preparador físico. E já dizia que minha vida seria um antes e depois daqueles momentos. Mas com o tempo fui me habituando a ver as coisas com naturalidade, mesmo nas circunstâncias difíceis e importantes - analisou Oswaldo, que não acredita mais em preconceito e acusações de falta de pulso por ser diferente da maioria.

Existem outras maneiras de se comportar, é difícil falar sobre isso, porque há quem pense de outra forma e tem que existir respeito por todos. Meu caminho é o da ponderação, do papo, do trabalho ao longo da semana para não precisar mudar tudo durante o jogo, me desesperando. Mas não abro mão de erguer a voz quando necessário - reforça o alvinegro, invicto nas 21 partidas que esteve no banco de reservas, na temporada, contra quatro derrotas do rival deste domingo.

Há quase oito meses como técnico do Vasco – desde que Ricardo Gomes sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) –, Cristóvão Borges mostrou mudanças em seu comportamento durante as partidas. Inicialmente contido e preocupado apenas em transmitir suas instruções, recentemente passou a gesticular muito, falar mais alto e até mesmo contestar a arbitragem, indicando um veia contrária à do amadurecimento progressivo do colega. Ainda assim, segue discreto e sem grandes exaltações, até mesmo nos lances mais emocionantes de jogos decisivos.

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