quinta-feira, 17 de junho de 2010

Brasil - Medo de quem?

Na entrevista coletiva desta quinta-feira, "Robinho" disse que o time vai melhorar e que não há razão para temermos a Espanha, tida e havida, com toda razão, até a derrota na estreia para a Suiça, uma das fortes candidatas ao título mundial.

Claro! Jamais, em hipótese alguma, esteja praticando um futebol dos sonhos ou dos pesadelos, o Brasil deve temer quem quer que seja.

Isso não é bravata (nem ufanismo barato). É fato, baseado em toda a história construída pelo nosso futebol pentacampeão do mundo e solo do maior time de todos os tempos – o Santos de Pelé e cia.

Eles é que nos temem, mesmo quando nos apresentamos com um time ruim ou razoável.

Copa do Mundo é isso aí: a soma do estado emocional da turma mais a qualidade técnica dos jogadores em confronto, naquele exato momento.

Ainda não predigo a derrocada da Espanha, campeã europeia e seleção que apresentou, nestes quatro anos, o futebol mais envolvente e eficiente de todas. Afinal, tem bola para dar a volta por cima.

Mas, pegue, por exemplo, os jornais espanhóis na ressaca da derrota para a Suiça. A Espanha, como sempre, a manchete. Na linha fina: Mas continuamos os melhores do mundo.

Os meus amigos mais jovens não reconhecem aí o Brasil pré-58, quando clamávamos aos quatro ventos sermos os melhores do mundo, e nem mesmo uma tacinha sul-americana levantávamos. Era o complexo de vira-lata, ao qual se referia o dramaturgo e escritor Nélson Rodrigues.

Na Copa de 54, por exemplo, os que lá estavam relatam que entramos diante da Hungria com as pernas bambas e caímos de quatro. Mas, no Mundial seguinte, exorcizamos finalmente esse fantasma, e transformamos nosso medo no temor dos outros em relação a nós.

Esta é a grande chance de a Espanha romper esse círculo de giz que a impede de, nas Copas, realizar o que dela se espera na véspera, saindo da derrota inicial para uma campanha vitoriosa. Esse impulso, porém, tem de vir do fundo da alma espanhola, não apenas do bico da chuteira.

Quanto a nós, é seguir no passo traçado. Sem medo, com respeito, e tentando acrescentar algo mais ao futebol até aqui sem brilho, mas eficiente.

DESTA VEZ, HIGUAIN

A Argentina meteu a segunda goleada de uma Copa marcada pela modéstia nos placares: 4 a 1 na Coréia do Sul, que havia vencido seu jogo de estreia, diga-se: 2 a 0 na Grécia. E o nome do jogo foi Higuain, autor de três gols (o outro, contra).

Desta vez, Messi não brilhou como na estreia, e, novamente, não conseguiu empurrar a bola às redes, mesmo disparando duas vezes seguidas, à queima-roupa, no terceiro gol, aquele em que Higuain concluiu em posição de impedimento.

Mas, o meio de campo e o ataque foram mais harmoniosos, sobretudo depois da entrada de Aguero no lugar de Tevez. Não que o ex-corintiano estivesse mal na partida. Ao contrário. É que, por vocação, Tevez prefere carregar mais a bola, ao contrário de Aguero, que a tocou com rapidez e abriu a defesa adversária com sua movimentação perpendicular à área.

Em contrapartida, a defesa argentina, Diós! Não falo apenas da falha fatal de Demichaelis, que resultou no gol da Coréia. Falo de todo o sistema, especialmente o lado esquerdo, onde Heinze é um desastre permanente. Ainda mais depois da saída de Samuel, já no primeiro tempo.

Quer venha o melhor, o pior ou mesmo qualquer um!

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