quarta-feira, 28 de maio de 2008

RAIO X DA LIBERTADORES, BOCA E FLUMINENSE!


Raio-X de Fluminense x Boca Juniors
Veja a comparação, jogador por jogador, entre as duas equipes



Fluminense e Boca Juniors iniciam na próxima quarta-feira, em Buenos Aires, a semifinal mais aguardada - e uma espécie de final antecipada - da Taça Libertadores. A equipe argentina, com seis títulos, tem mais tradição. Mas o Tricolor chega embalado por uma ótima campanha (a melhor da primeira fase) e a heróica vitória sobre o São Paulo.

E quem leva a melhor na comparação das duas equipes, jogador por jogador? Confira a avaliação e a análise tática de cada setor do campo nos dois times.


Goleiro:


Fernando Henrique: Tem feito grandes defesas e salvado o Flu em algumas oportunidades, mas oscila demais em uma mesma partida. É considerado pela torcida o calcanhar de Aquiles do time por ser capaz de, após pegar uma bola impossível, dar rebote no pé do atacante adversário mais próximo logo em seguida.

Migliore: Não é um garoto (tem 26 anos), mas é um goleiro de pouquíssima experiência mesmo na Primeira Divisão argentina - e menos ainda em partidas internacionais. Sempre foi reserva no Boca desde que chegou do Huracán, em 2006. Substitui o titular Caranta, que está machucado.

Quem leva vantagem: Fluminense


Lateral-direito:



Gabriel: É eficiente no apoio ao ataque, embora não esteja chegando constantemente à linha de fundo, preferindo entrar pelo meio. Tem ótima técnica e chuta bem, mas peca na marcação e, às vezes, parece disperso em campo.

Maidana: É um zagueiro improvisado, mas já se acostumou à posição. Tem muita garra, mas pouca técnica e chega pouco ao ataque. Vem cumprindo bem sua função.

Quem leva vantagem: Boca Juniors.


Zagueiro central:



Thiago Silva: O melhor jogador do Flu. Tem excelente senso de colocação e antecipação. É preciso no desarme e, apesar e não ser muito alto (1,83m), também nas bolas altas. Sabe sair jogando, o que muitas vezes liga um contra-ataque. Seu chute potente é uma arma a mais. Ficou três semanas afastado por lesão muscular, mas a falta de ritmo não foi um problema contra o São Paulo.

Cáceres: Chegou com prestígio e a bênção de Maradona, que disse que era um zagueiro ideal para o Boca, mas demorou a mostrar boas atuações. É regular e, aos 28 anos, tem experiência e passagem pela seleção paraguaia. Já atuou pelo Atlético-MG.

Quem leva vantagem: Fluminense.


Quarto zagueiro:



Luiz Alberto: Líder do Flu dentro e fora de campo, o capitão é quem faz o "trabalho sujo" na zaga. Costuma chegar mais duro do que Thiago Silva, mas é leal. Seguro tanto pelo alto como nas bolas rasteiras, costuma ter um pouco mais de dificuldade quando pega pela frente atacantes rápidos.

Palleta: O jovem de 22 anos, contratado ao Liverpool, é tratado como craque no clube. Recuperou-se há pouco de uma lesão. É bom no combate direto e no jogo aéreo, até pela sua altura (1,90m), mas é um pouco lento. Encontra dificuldades quando fica sozinho com um atacante rápido e habilidoso.

Quem leva vantagem: Fluminense.


Lateral-esquerdo:



Junior Cesar: É um dos destaques do time na Libertadores. Sua velocidade impressiona tanto nos contra-ataques como no momento de recompor a defesa. Com seriedade, conquistou a torcida, que pegava no seu pé quando subiu dos juniores. O maior defeito é a pouca precisão nos cruzamentos. Sua baixa estatura (1,66m) também por vezes torna bolas alçadas sobre a área mais perigosas.

Morel Rodríguez: O outro paraguaio do time titular também joga como zagueiro, embora seja baixo (1,75m). Tem velocidade, sabe se antecipar ao adversário, chega bastante ao ataque e cruza bem. Leva perigo nas bolas paradas, principalmente pelo lado direito.

Quem leva vantagem: Fluminense.


Análise tática da defesa:

Fluminense: A defesa menos vazada da competição - seis gols sofridos, sendo apenas um deles em casa - é o ponte forte da equipe. Quando joga fora, Renato escala Ygor na sobra, como terceiro zagueiro, enquanto Luiz Alberto e Thiago Silva matam as jogadas adversárias ainda na intermediária. O esquema favorece a subida dos laterais. Precisa tomar cuidado com os rebotes, já que Fernando Henrique não costuma segurar chutes de longa distância.

Boca Juniors: O lado mais sólido está na direita, o que pode servir de contraponto ao setor ofensivo do Flu. O lateral Ibarra, que atua nessa faixa do campo e se recuperou de lesão no joelho, pode ser uma arma a mais, caso não seja atrapalhado pela falta de ritmo. Cáceres e Palleta ainda não jogaram o que podem e andaram falhando na Libertadores. É sem dúvida o ponto fraco do time, mas às vezes isso não fica tanto em evidência graças à força ofensiva.


Primeiro volante:



Ygor: É o ponto fraco do sistema defensivo, embora conte com a eterna confiança de Renato Gaúcho. Joga com disposição e seriedade e precisa se desdobrar para segurar um meio-campo que, dependendo da escalação, é pouco marcador. Porém, o que sobra de vontade, lhe falta em técnica. Todas as vezes em que começou a ganhar um pouco de crédito com a torcida, logo falhou.

Battaglia: É o leão do meio-campo e peça-chave na equipe. Tem porte físico e personalidade - costuma crescer nos clássicos contra o River Plate, por exemplo -, além de ser acostumado à Taça Libertadores: conquistou o título quatro vezes, todas pelo Boca. Leva perigo nas bolas aéreas por ser bom cabeceador.

Quem leva vantagem: Boca Juniors.


Segundo volante:




Arouca: Antigo xodó da torcida, caiu muito de rendimento e já não é titular absoluto, embora tenha reconquistado a posição contra o São Paulo. Sua entrada é opção para melhorar a marcação e o passe para levar o Flu à frente. Quando ele joga, Gabriel tem mais liberdade apoiar o ataque.

Vargas: O ex-volante do Internacional pouco chega ao ataque ou ajuda o lateral Maidana na frente. Serve mais como um suporte a Battaglia nas roubadas de bola, mas tem bom passe.

Quem leva vantagem: empate.


Meia:



Cícero: É o verdadeiro curinga do time. Sua posição de origem é de segundo ou terceiro homem de meio-campo, mas até de centroavante já jogou. Tem bom passe, chuta forte e, principalmente, conta com uma cabeçada mortal. Porém, assim como Gabriel, às vezes parece meio desligado no jogo e perde bolas fáceis, propiciando perigosos contra-ataques.

Dátolo: O ex-meia do Banfield demorou para conquistar a torcida desde sua chegada, em 2006, mas vem subindo de produção e hoje é um dos melhores jogadores do Boca na Libertadores. Corre o tempo todo e faz jogadas tanto pela linha de fundo como entrando pelo meio. Também tem boa conclusão.

Quem leva vantagem: Boca Juniors.


Meia:



Thiago Neves: É outro que não está em boa fase, tendo caído muito de produção em relação às atuações de 2007 e do início do ano. Dribla bem, tem chute preciso e é esperança da torcida nas cobranças de falta e escanteio.

Riquelme: Ainda não jogou tudo o que pode, mas já foi decisivo contra o Atlas, pelas quartas-de-final. É o centralizador das jogadas de ataque e muito perigoso em bolas paradas. Tem uma visão de jogo fora do comum.

Quem leva vantagem: Boca Juniors.


Análise tática do meio-campo:

Fluminense: Com a dupla Arouca e Cícero na cabeça-de-área, a saída para o contra-ataque ganha qualidade, mas o time perde na recuperação da posse de bola. As jogadas de maior perigo saem dos pés de Conca, seja nas tabelas com Junior Cesar, seja em seus toques precisos para o ataque. Thiago Neves também tem liberdade para se movimentar. Carrega mais a bola do que o companheiro e cria jogadas na frente, mas Renato Gaúcho cobra muito que os dois façam o primeiro combate na saída de bola.

Boca Juniors: É um setor bem equilibrado, com a pegada de Battaglia e Vargas e a criatividade e ousadia de Riquelme e Dátolo. Pode tornar-se mais ofensivo com a entrada de Chávez no lugar de Vargas, a exemplo do que aconteceu contra o Atlas no México. No entanto, o espaço deixado pelas subidas de Dátolo pela esquerda pode ser explorado, já que Morel Rodríguez não é tão bom no combate direto. E anular Riquelme é meio caminho andado para destruir a criação do time.


Meia ofensivo/atacante:



Conca: Ao contrário de Thiago Neves, cresceu muito na reta decisiva da Libertadores, principalmente nos jogos contra o São Paulo. Tornou-se o motor do time, mostrando preparo físico e vontade invejáveis. Tem excelente visão de jogo, distribui muito bem as jogadas e chuta com veneno, apesar da pouca força.

Palacio: Não está em sua melhor forma, mas se movimenta muito, pelos dois lados do campo, e é inteligente. Cria jogadas e aparece para finalizá-las, ainda que lhe falte qualidade na hora da conclusão. Outra virtude sua é a incansável ajuda na marcação.

Quem leva vantagem: empate.


Centroavante:


Washington: Clássico atacante-pivô. É pouco habilidoso, mas tem bom domínio de bola para matar bolas "quadradas" e sabe o que fazer dentro da área. É bom no chute com as duas pernas e, principalmente, no cabeceio, como o que garantiu a classificação do Flu para a semifinal da Libertadores.

Palermo: Ainda é lembrado por muitos brasileiros, injustamente, pelos três pênaltis perdidos em uma só partida, em 1999. Impõe respeito como poucos por ser um excelente finalizador, tanto com o pé como com a cabeça, mesmo sem tanta técnica.

Quem leva vantagem: empate.


Análise tática do ataque:

Fluminense: Se Washington jogar sozinho na frente, o Fluminense vai insistir muito nas bolas alçadas na área pelos laterais. O atacante também faz bem o papel de pivô, de costas para o gol, ajeitando a bola para os chutes de longe de Conca, Cícero e Thiago Neves. O jogador aproveita sua estatura para aproveitar as cobranças de escanteio e falta do camisa 10 tricolor.

Boca Juniors: Palacio e Palermo se complementam e têm ótimo entrosamento. Com mais freqüência, o primeiro faz as jogadas pelas pontas e dá assistência ao segundo. Mas Palermo também sabe criar espaços para a entrada de Palacio pelo meio. Outra ótima opção é a chegada de Dátolo pela linha de fundo, na esquerda, cruzando para a cabeçada de Palermo.


Treinador:


Renato Gaúcho: Demonstra ter o grupo nas mãos e vem evoluindo como treinador. Sua vibração à beira do campo muitas vezes contagia os jogadores, embora também enerve os mais inexperientes. Peca por mostrar vaidade em algumas atitudes. Geralmente é conservador ao escalar a equipe, mas sabe ser ousado quando necessário. Seus times não apresentam um variado leque de jogadas ensaiadas, mas a força aérea é treinada à exaustão.

Carlos Ischia: Ex-assistente de Bianchi no Boca, não tem a mesma ousadia que seu mestre, que fazia a equipe atuar da mesma maneira em qualquer lugar. Prefere jogar mais de acordo com as circunstâncias e carece de firmeza nas decisões. Porém, conhece muito bem o clube e sabe lidar com as estrelas do time. Pode ser cobrado em caso de eliminação na Libertadores, já que vem poupando titulares no Clausura e se afastou do título argentino.

Quem leva vantagem: Fluminense.


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