sexta-feira, 6 de junho de 2008

EUROCOPA: UMA VERDADEIRA COPA DO MUNDO. MAS SEM BRASIL E ARGENTINA!


Euro 2008: quase uma Copa do Mundo.


Nas palavras do técnico campeão da última Copa do Mundo, o italiano Marcello Lippi, "a única diferença entre a Eurocopa e a Copa do Mundo é que você não tem que se preocupar com Brasil e Argentina". Mas num continente que, à exceção da Rússia, poderia caber praticamente dentro do território do Brasil, com países com tamanho e população de alguns estados brasileiros, dá para imaginar uma versão da Eurocopa como a do antigo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais - o principal torneio nacional de futebol do país até os anos 50, quando as competições entre clubes passaram a predominar. Portugal, de Cristiano Ronaldo, tem o tamanho do estado do Rio de Janeiro e a mesma população do Rio Grande do Sul, de Ronaldinho Gaúcho. A República Tcheca tem a mesma população do Paraná. Uma seleção tem Rosicky, que lesionado não vai ao Euro2008, e Baros. A outra teria Alexandre Pato e Alex. - Somos um pequeno país de 9 milhões habitantes mas temos conseguido participar sempre dos grandes torneios - diz Agne Simonsson, ex-atacante da seleção sueca vice-campeã mundial da Copa de 1958. Tamanho, ao menos na Copa do Mundo, é documento. O menor país campeão mundial é o Uruguai, atualmente com população de 3,5 milhões de habitantes. Mas nas três últimas décadas, uma seleção que passou a lutar apenas para se classificar para a Copa. Todos os outros países campeões do mundo estão entre os 30 mais populosos do planeta. Apenas tamanho, porém, não ajuda.




- Temos uma população muito maior do que adversários da nossa chave, como Suécia e Grécia, o que mostra o grande trabalho que esses países conseguiram fazer para se desenvolver no futebol - diz o treinador da seleção russa, o holandês Guus Hiddink. A Rússia, mais de 140 milhões de habitantes, é o único participante da Eurocopa cuja área é maior do que a do Brasil. Deixando os russos de fora, o Globoesporte.com imagina uma Eurocopa com seleções montadas no Brasil com o tamanho dos participantes da competição. Quem será que venceria?


GRUPO A: Montar uma seleção num país do tamanho da República Tcheca, Portugal e Suíça seria como montar uma equipe com jogadores nascidos no Rio Grande do Sul, Paraná e Pará, respectivamente. No caso da Turquia, a tarefa já seria facilitada pois o país tem uma população quase igual à da Região Sudeste brasileira. Gaúchos poderiam ir a campo nesta chave com: Renan, Maicon, Anderson Polga (Michel Bastos), André Luís e Roger; Mineiro, Emerson (Fábio Rochemback), Anderson e Ronaldinho Gaúcho (Daniel Carvalho); Carlos Eduardo e Rafael Sóbis. Os paranaenses poderiam ter: Rogério Ceni, Rafinha, Naldo, Belletti, Kleberson, Jádson (Mozart), Alex e Thiago Neves; Dagoberto (Fernandinho) e Alexandre Pato.

Isso sem falar nos naturalizados. A seleção que o brasileiro Luiz Felipe Scolari convocou para o Euro 2008 conta com quatro jogadores naturalizados: o paulista Deco, o alagoano Pepe, Bosingwa, da República Democrática do Congo, e Nani, nascido em Cabo Verde. Na Suíça, a lista também é grande com Djourou (Costa do Marfim), Gelson Fernandes (Cabo Verde), Behrami (Kosovo) e Vonlanthen (Colômbia).


GRUPO B: Olhando para seleções estaduais não seria difícil entender se jogadores como Kaká e Lúcio decidissem atuar por outra equipe que não uma seleção do Distrito Federal. Kaká costuma dizer que sente-se paulistano por ter sido criado em São Paulo e vivido lá desde muito novo. Seria mais ou menos como os casos de Miroslav Klose e Lukas Podolski, nascidos na Polônia e dois dos principais atacantes da seleção alemã. A lista de estrangeiros na equipe alemã inclui outros dois atacantes, Oliver Neuville, nascido na Suíça, e Kevin Kuranyi, nascido no Rio de Janeiro. A Alemanha tem uma população pouco maior do que a da Região Sudeste, onde não faltariam opções para montar uma equipe com nomes recentemente convocados para a seleção brasileira como: Júlio César, Cicinho, Juan, Alex (Luisão) e Marcelo; Gilberto Silva, Júlio Baptista, Elano e Diego; Robinho e Luís Fabiano (Adriano). Sem falar que "reforços" de várias seleções saíram dessa região, como os paulistas Deco e Marcos Senna, os cariocas Mehmet (Marco) Aurélio e Eduardo da Silva - além de Kuranyi. Nessa chave está ainda a Áustria, com quase a mesma população de Pernambuco, e certamente mais dificuldades para encontrar talento do que na terra de Rivaldo, Juninho Pernambucano e Josué. Mesmo com 38,5 milhões de habitantes, quase a mesma população do estado de São Paulo, a Polônia precisou ir reforçar-se justamente com um paulista, o meia e lateral Roger Guerreiro, ex-Flamengo e Corinthians. Para um país de apenas 4,5 milhões de habitantes, menos do que Goiás ou Santa Catarina, a Croácia tem uma grande tradição. Mesmo sem poder contar com o carioca Eduardo, ainda se recuperando de uma grave lesão, os croatas são candidatos a surpresa do torneio, após deixarem a Inglaterra fora da competição.


GRUPO C: No "Grupo da Morte", França e Itália não parecem ter dificuldades para encontrar talentos, ainda que os italianos contem com o argentino Camoranesi e continuem falando em naturalizar o atacante brasileiro Amauri, recém-contratado pelo Juventus. Com uma população pouco superior à da Região Nordeste, os italianos poderiam ter pela frente um time com Dida, Daniel Alves, Pepe, Ronaldo Angelim e Richarlyson; Josué, Hernanes, Dudu Cearense e Juninho Pernambucano; Rivaldo e Leandro Lima (Bobô). A Holanda é um país que conseguiu criar uma marca para o futebol local, ainda que a seleção atual não pareça ter muito preocupação em mantê-la. Tem uma população de tamanho semelhante ao do estado do Rio de Janeiro. Já a Romênia tem população pouco maior do que a do estado de Minas Gerais. Com equipes com jogadores desses dois estados e do Nordeste, o "Grupo da Morte" certamente ficaria ainda mais forte e difícil de apontar os dois classificados às quartas-de-final.


GRUPO D: A Espanha tem feito sucesso nas competições de divisões de base, prova de que descoberta de talentos não é o problema num país com cerca de 700 mil habitantes a mais do que o estado de São Paulo. Mas, à exceção do distante título da Eurocopa de 1964, jamais foi longe em torneios importantes. A equipe de Luis Aragonés é favorita para vencer a sua chave, o que seria muito mais complicado tendo que enfrentar uma seleção paulista que contaria com alguns dos astros da liga espanhola como Robinho e Luís Fabiano. A Grécia, com população pouco menor do que a Região Centro-Oeste, e a Suécia, com pouco mais do que o número de habitantes de Pernambuco, não são das seleções que optam por jogadores naturalizados. Mas, de acordo com as regras suecas, o maior talento do país é considerado ainda um imigrante. Zlatan Ibrahimovic nasceu em Malmo, terceira maior cidade sueca, mas é filho de pai bósnio e mãe croata. Além dele, a grande esperança dos suecos é o retorno do veterano Henrik Larsson, filho de mãe sueca e pai caboverdiano. Os russos, justamente o contingente de maior número no continente europeu, são os azarões da chave. Com 140 milhões de habitantes, selecionar 23 jogadores por lá seria como montar uma seleção brasileira sem jogadores nascidos na Região Nordeste. Certamente uma equipe que estaria entre as candidatas ao título.

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